quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

ELA OU A ANTÍTESE DE DEUS





O pior dos teus galhos é a pompa dos teus olhos,
Tão castiça, tão difusa como uma ramagem de tempo.



Não sei dos teus passos de bambol
nem dos teus cílios de lacínio
como um pano de seda batido de vento



Teu sorriso é um levante ou a lacerda dos milagres
neles me enfio, esguio, penso e volto
como em círculo de metamorfoses.


Não quero vercejar os teus labios de carmesim
Nem a testa alva de veludo
como um sopro de viagra(!) em meus neuróneos


é sacrilegio,
A geografia rara da tua silhueta
por isso ja não digo
que es uma lenda em fusão,
ou, pior, um estrombol em errupção.
A antitese de Deus.



Cleisson De Sousa, Itália, 28.01.10



terça-feira, 10 de novembro de 2009

JÁ NÃO QUERO PERGUNTAS

Depois disto
não quero mais pensar,
quero estar latente como um tronco ao leu
para sofrer metamorfoses
quero estar em reticencias
como uma vida que perdeu o leme
quero ler no livro fecticio do tempo
a vida que seguiu outros atalhos
não quero nunca abrigar levitas nem as múmias dos dias
para que nunca venha a saudade passear em meus vazios
Ja não quero ser a biblioteca dos mortos
das vidas que não senti
dos poemas que não escrevi
por isso
quero estar obsoleto como uma partícula suspensa no vácuo
Depois disto não venha a saudade contar-me das tuas fibras
não venha o tempo arrastar-me pelos dias que ti vi
Quero extirpar a minha alma
ao altar do tempo
Termino o meu poema e selo-o a codigo de Deus e calo.
(- Ja não quero perguntas)

Italia, 10.11.09

CONTRASTE

As figueiras estão obsoletas,
os choupos estão despidos,
a cidade dorme
como vagoës ancorados na estação
Não há nenhuma onda que bata
Não há nenhum vento que fofoque
O luar bate e neva
Os bichos estão frouxos de frio
As máquinas estão dormentes e abandonadas
Não falo dos ursos que não vi
Nem dos sinos tilintando o tempo
não há semba que masturbe os tímpanos
nem um mar que rutile as minhas pupilas
aqui esta o trem de papeis
para atravessar o túnel dos meus neuroneos
Minha alma se mistura nas veias de outras paisagens
nos dias que a vida revogou
nas indeterminações de milhares de espasmos
na saudade que sinto do meu Inhambane.

03.11.09 (1:44), ITÁLIA

FOTOGRAFIA

Não me canso de fitar
cada fibra dos teus olhos absoletos
como um pano de tempo
ou a manhice de um mar em hibernação

Teus miolos não tem o meu espectro
nem os teus olhos os meus de esfinge

Envolto os tecidos a rosa recendida
teus cabelos desaguam a esquerda

Tão serena, tão pensativa
nos simbolos que minhas sinapses
nao sabem encontrar

Que sede de te ver,
alma da minha alma,
corpo do meu corpo!

De volver em meus olhos
o dividendo dos meus pecados.

(Sinto saudades tuas)



Italia
2.11.09, Segunda feira,

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

POEMA INACABADO

Se a pompa rustica do teu sorriso
Fosse o eterno luar da noite fria
E o teu regaço o perimetro da minha vontade
cuido que na santa se dom meu destino
Apenas salmos, apenas baladas


Se me desses as promessas por um instante
Se os nossos labios colidissem ao menos uma vez
Se acitasses sentar ai no cais e deixar o lauar banhar-te,

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

ESPASMO

Queria escrever mais um poema
as palvras nao fundem, os neuronios se calaram
na saudade dos horizontes distantes

Queria mais um poema com ritmo de timbila
A tamborilar a noite funeraria desta estaçao

O coracao perdeu o ritmo de um gaio que chora o destino
Ou a arte de um tronco despido batido de luz

As lagrima secaram nos olhos e a vida ja nao quer clamar
As semba da sede de ver-te
Perdendo-se alem das minha pupilas

Queria mais uma vez gritar como um tambor esfarrapando os espasmos
E sentir a quimera da saudade me violando as visceras

A vida perdeu as mil razoes
E o dia esta distante e sem graça.



Italia, 11.09.09 (03:14), Sexta feira

MOÇA-DISTANTE

Tenho saudades
Da voz rija do tambor a rasgar a noite fria e rústica
Tenho saudades dos gaios calcando as veias nuas do areal

Do silencio embalsamado no teu corpo dizendo me segredos ineditos
Do tamborilar distante desaguando como em falésia longínqua

Tenho saudades
Do mar em tarde ardente como uma lareira aconchegada
Dos corações tamborilando ao ritmo da marrabenta

Meu coração se cala como um mastro abatido
Quero chorar e minhas glândulas são como a terra estéril do sahara

Quero beber o uputso do meu pensamento
E ranger como uma decrepita sucata e oxidada.

Tenho saudades das acácias sorrindo em desalinho
Pelas ruas acidentadas da minha negra fecticia

Tenho saudades dos caminhos e dos quintais esverdeados
Das palhotas de caniço bebendo a agonia dos dias

Olho a volta e vejo altos castelos, ruas de pedra e o triste sinfonia das maquinas
Minha cor se mistura no branco de outras paragens

Aqui não vejo o nascer de um sorriso, nem a linda carapinha das moça-mbicanas
Ninguém me olha, ninguém me escarnece, ninguém me “capisce”

Tenho saudades do meu Moça-distante
Do tronco a volta da lareira e da sifonia selvagem.

A nostalgia que eu sinto
Dispensa o oficio dos artífices, não entende a arte
Sinto saudades da minha terra


Itália (Vercelli), 11.09.09 (02:15), sexta feira

INDETERMINAÇÃO

Não sei por quanto tempo andarei nestas paragens,
Sem um dia passar pela estação do teu sorriso
E te fitar como se a minha vida acabasse em ti

Minha vida é uma noite nevada, fria, calma e rústica
Tudo se cala em hibernação e em fôlego sombrio

...Não sei aceitar que isto não é um sonho
No qual ainda não acordei
(Ontem nos fitamos e celebramos a promessas eternas
Amanha vira...)



Itália, 11.09.09 (02:29) Sexta feira

PROLOGO

O amor nao é cego
é iletrado e nao entende a linguagem do pensmento

O amor nao doi
Estimula faculdades que o corpo nao sabe suportar,

O amor dispensa progradores
é breve e é como um sismo que nao se pode prever

O amor nao cansa
E nao aceita a longa bicha dos desejos

O amor é distante e agora
é logo e sempre

Julguem o que penso
Julquem o que o meu sonhou desenhou
Mas nao julguem o amor que nao entendo e que me invade

Nao me condenem pelo que me arromba a vida
Nem do que me arranca as visceras

Eu nao sinto o amor porque nao é sintimento
Ele é um cibersentimento que transcende a vida

O amor nao adivinha, nao sabe mentir
Olha o destino e nao ouve opinioes

Por isso
Hoje nao venha me pedir que esqueça
Porque a tua paixao nao me enxerga
Pois a vida ainda nao sublimou.



Italia 11.09.2009 (01:43), sexta feira

MULHER

Essa voz que cintila nos labios e dedilha nos miolos
tao ingenua, tao castica como um pedaco do ceu.

MASSESSA

Massessa,
A ressonancia que rasga noite
e sacrifica a voz dos defuntas
de uma cancao que sobe os miolos e perpassa

As vontades nascem e libertam-se em jubilio
no trem de um cortejo em procissao
galgam os pes o chao molhado de orvalho

a massessa dos desejos se avulta
os coracaoes cantam novos desejos
os miolos sao a noite fria de julho

ficam os abracos pairando ao leu do ritmo
A tristeza dissipou-se
Amanha, outra vez.


19.03.09 (21.41)

OLHAR

olhas-me: tenho alma ausente e umcoracao em migalhas
olho-te. Tens o corpo de rosa recendida

bebo os teus gestos na cadencia do vento
quero colher-te da luz fria do lau em extase

vejo em ti a piedade do meu eterno pecado
Quero o entregar-te as fadigas da guerra

volve-me o teu olhar como uma lor de feno
e apenas meu peito se agita em fervura vulcanica

Sou teu!

19.03.09

FICÇAO

Vejo em teus olhos como um rio aceso
leio nos fios das tuas pupilas a lenda que nao entendo
teu corpo cala, nao quer falar
mas me convida sempre que olhe em ti

PARTINDO-SE

Quem nos dera que isto como o tempo que ebuliu
ainda pudessemos ver o dia a falecer-se aos degraus
Ah! quem nos dera que ainda acorrentados
pudessemos ver a cor rubra do ceu engrandecer-se

o teu corpo em rosa a desabrohar-se
como um leque abrindo-se ao fogo dos meus beijos
No ceu as estrelas dessipavam e o cisne celebrava
o dia que gerou o tempo que nos ria

Agora o tempo é um fio em agonia
Os olhos estao rubros de pensar, os miolos estao gastos de lembar-te
Em cada instacao que me olhas com feitico.ù

Nao perdi


19.03.09

MELINA

Quantas vezes no sonho latente, o prembulo de ver-te
Comeco à sentenca do desejo e me perco a achar-te
onnde a sorte escassa e o destino ebuliu

vejo-te por entre os ceus em condensacao
como por uma fresta que me segreda os enigmas

procurando-te vou encontrando teus vestigios em cada olhar
Vejo-te no silencio em hibernacao, no meu vulcao dormente...


19.03.09

DIARIO

Assim me calo
como um rio sem agua

passam jactos de vento
à pompa do meio-dia

a luz bate na minha vela à deriva
(Amanha serei outra vez
o gemeo facto sem graca)

28.02.08

22.09

ADVENTO

Desfero em mim
o advento de novos dias

a vida,
essa ave sem retorno
esfia-se à tensao do tempo

Mando os sonhos ebulir
ja é noite.


12.02.09 (20:26) at my rom-inhassoro
O silencio fofoca como um faial deabrochando em rima
o dia é velho, o mar é flauta, o vento bate aos sussuros
Meu olar é um mastro esquecido no cais da noite

nao oico as turbinas da tua voz ruflando
nem o cume dos teus seios me transfigurando a sangue frio

os sonhos ebuliram e as promessas envelheceram
Abro o meu peito e bebo a marrumba distante
vou debicando as horas frias o resto das lembrancas

E acabo como um circuito fechado,
a noite inteira a branco


31-10-08
Ja a tarde inclina como um velho que quer rogar,
bate uma ventania de por rugas na pele
vejo o mar em poesia, os fumos sobem a aldeia
caem as nuvens e timbilam no zinco em oxidacao

Os fumos pararam , o silencio adolesceu,
A noite é uma donzela, amante do calor e do rovalho,
eu estou aqui como uma cana que a vibracao erica,
-onde esta hilena, meu corcao em vao pergunteia.

Leio as cartas riculas, bebos gota a gota
procuro motivos e acho mais factores
apadrinho a noite a longa vida
ja estou amigo de eu so apenas comigo.

Nao te vejo ja passam seculares dias
estou doente e o virus deamor passeia mais em mim
hoje eu te quero, vem sentar aqui e me mate,
como eu morri a cruel morte de amar-te
quero viver em cada dia morrendo mais vezes.


Inspiradora: Hilena

FARTO

Farto dos amore virtuais e da noite acabada
caio em meus mantos como um bebado derrotado

sobe-me a mente um verso como a primavera de um orgasmo
sinto sinais premoritorios de um vulcao chegando

salto da cama e escrevo
Cada verso que aproxima
é mais uma migalha caida
da mesa dos craveirinhas.